2010/03/26

Toinho Pescador: O Baixo São Francisco pede socorro

Em um estaleiro do Baixo, conversei com seu Toinho 
em fevereiro último. Uma entrevista histórica para mim
(foto Neno Canuto)






Gente, estou de volta ao espaço web depois de algum tempo fora do ar. Nos últimos meses meu trabalho tem sido intenso, como secretário adjunto de Estado do governo de Alagoas. Mas no final de fevereiro tirei uns dias de férias, e fui para meu tradional período sabático no velho e bom São Francisco. E terminei fazendo um monte de reortagenas bacanas, que posto a partir dessa primeira, com seu Toinho, o maior líder pescador da região. Vem mais coisas por aí, mas prestem atenção para esse alerta e seu Toinho, uma voz que se transformou em caixa de ressonância para o Brasil.

Numa dessas andanças pelo Baixo São Francisco conheci talvez o melhor de todos os personagens que entrevistei ao longo dos anos nessa região. Trata-se de Antonio Gomes dos Santos, o Toinho Pescador, líder nato da categoria, e reconhecido nacionalmente pelo seu trabalho em defesa do rio. Em 2007, ganhou o prêmio Muriqui, do Conselho Nacional da Biosfera da Mata Atlântica, outorgado a pessoas e entidades por suas atividades em defesa da biodiversidade e conhecimento científico da Mata Atlântica.

Seu Toinho é também presidente da Federação dos Pescadores de Alagoas e membro do Movimento Nacional dos Pescadores. Segundo Toinho, a maioria das espécies de peixe do São Francisco desapareceu. “Surubim, mandim, corvina, pira são peixes de piracema - e não tem mais piracema”. Os animais foram indo embora na medida em que se multiplicaram as plantações de cana-de-açúcar - e as queimadas.

Crítico ferrenho do que ele chama de “grandes projetos”, como o Programa de Aceleração do Crescimento e a transposição do São Francisco, ele não poupa ninguém. Nasceu no dia 12 de dezembro de 1931, e nos seus 78 anos de vida, começou a pescar aos 12 anos. Conversei com seu Toinho numa manhã ensolarada de fevereiro, em Penedo, num estaleiro local, onde o pessoal confeccionava uma canoa de madeira. Resistir é preciso. Veja a seguir a íntegra da entrevista.

Como o senhor vê hoje a realidade do rio São Francisco, em comparação ao que era no passado?


O momento hoje é difícil, porque deram licença para a transposição e o projeto está bem encaminhado. Mas é um projeto, para nós, sem futuro. De forma alguma vamos mudar nossa posição. Sempre vamos combater e quem ganhar vai ter que enfrentar esse movimento.


Mas já começou a transposição, o Exército está lá, abriram frentes de trabalho, os canos chegaram, e agora?

O maior exército é o povo. Se o povo se organizar, não tem exército que vença. Veja a Revolução de 64, ninguém mudava. Mas aconteceu que o povo se organizou, veio Tancredo Neves, veio a anistia a democratização. Entramos nesse processo de libertação, elegemos um presidente social. Mas o pescador avançou na sua luta. Nossa profissão estava atrelada à Marinha, hoje está lá, no artigo oitavo da Constituição, que garante nossa livre associação. Foi uma luta nossa. Foi um avanço, mas temos que combater esses outros problemas que estão chegando. Agente não precisa de grandes projetos, precisamos também dos pequenos projetos. Os pescadores não podem entrar na onda dos grandes projetos. Quem tem um Rio São Francisco como esse tem que lutar pela liberdade do rio, pela revitalização do rio.

Que grandes projetos são esses? Que São Francisco é esse que os pescadores tanto sonham?



Hoje é um São Francisco prisioneiro, está preso pela barragem de Sobradinho, só soltam água quando querem. Basta dizer a você que hoje é dia 27 de fevereiro, e amanhã está terminando período de defeso. Foi até bom você chegar, pois a partir de amanhã os pescadores estão livre para pescar o que quiser. Mas cadê a cheia? Não é brincadeira não, fizeram Sobradinho e não cuidaram. Primeiro eles deviam fazer o reflorestamento e proibir o desmatamento das margens, que desapareceram.


Então o que foi que aconteceu. Como essas margens desapareceram?

No momento em que tiraram as matas, a chuva quando bate vem com toda força, e quando bate no solo carrega areia para o rio e aí vem a assoreamento. Quando tinha mata, a chuva batia na árvore, em outra árvore e batia num tapete, que era grama, e só carregava folha, grilo e minhoca para o rio, e servia de alimento. E aí parou. Acabou a pesca, acabaram as embarcações. E se não tiver cheia esse ano você vai ver uma história mais triste. Basta dizer que os caras estão pegando caranguejo guaimum dentro da barragem de Xingó. E a piranha está dando um chega nos turistas dentro de Xingó. Já mordeu turista dentro de Xingó. Um companheiro de Delmiro me disse que tem uma prainha lá em Paulo Afonso, que turistas toma banham, que queriam acabar com a pesca artesanal deles lá. Agora as piranhas, nossas companheiras estão dando lição. A pìranha hoje está crescendo é mais a pìranha de terra.


Existe a possibilidade de reverter e a cheia chegar. A Chesf não poderia colaborar e abrir as comportas e soltar o volume de água necessário?

Colaborava. Mas na verdade não vai fazer isso, porque tem muita irrigação lá no alto sertão. Não dá mais para agente se enganar. Não teve cheia, não teve multiplicação de peixe, não teve piracema. De outubro para cá o rio não aumentou um palmo de água. Teve duas procissões de Bom Jesus dos Navegantes em Penedo e Neópolis, que os barcos tiveram que voltar pois não tinha passagem de água. É triste a situação. E nós não podemos elogiar porque tem energia, mas energia tem que ter! Ou de uma forma ou de outra, Mas não podemos cortar as outras energias. A energia do pescador é o peixe. A energia do trabalhador da margem são as lagoas marginais. Sem cheias elas não enchem. Como território, as margens deveriam estar na mão do povo ribeirinho para mudar a história. Plantar o arroz ou outro tipo de legume. Mas o que acontece. Estão plantando é cana.


Então as lagoas marginais se transformaram em plantação de cana-de-açúcar no Baixo São Francisco?


Estão derrubando as ilhas e plantando cana. No lado de Sergipe o projeto Platô derrubou as árvores e estão plantando cana na beira da lagoa. O PAC está acelerando para o fim da vida da agente. Porque nós vamos pagar esse preço. Essas árvores e esses passarinhos são nossos irmãos. São criaturas criadas por Deus para ajudar a gente a viver. A gente deixa que o diabo tome conta. O diabo são os grandes projetos na mão de poderosos que não tem consciência de respeitar a dignidade humana. E estou indignado, pois é onde tiro meu sustento. Criei nove filhos, para arranjar o que comer não precisa ir longe, bastava que tivesse área para cavar minhoca com um enxadeco, e pescar Surubim no rio. Hoje não tem mais. O Surubim, eu pegava de até quarenta quilos.



Hoje não se pesca mais surubim no rio? Como está a realidade do pescador ribeirinho?

Não teve Piracema, um pescador hoje bota 150 covos para pegar um quilo e um quilo e meio de camarão. Com 24 covos já cheguei a tirar 20 quilos de camarão. E não é história de pescador. Está vendo essa camaroa aqui (mostra uma vasilha com poucos camarões), ele está esperando a cheia para desovar. Está dizendo: Não faça isso não, eu quero produzir! Cadê o marreco. A quantidade de marreco que você via aqui no rio, faziam a maior festa. Eu tirava foto da nuvem de marreco passando ai na beira. Tiraram nosso adubo orgânico e colocaram adubo químico para dar duas safras, e aí veio a mortandade de marreco, do paturi, da jia, do calango. Era a coisa mais linda do mundo. Há 25 anos atrás o nosso rio era assim: Passarinhos cantavam alegres e não tinha veneno aqui, também não tinha barragem, era bom demais viver aqui. Tem um ditado antigo do poeta pescador que dizia:

“Quando o canafisteu floresce é sinal que o rio repontou/ por isso nascia a alegria para todo morador/ no começo de outubro o rio começa altear/ com suas águas barrentas que é o adubo natural/ produzindo camarões e peixes para o pescador pescar/ enchendo as grandes várzeas era lindo se apreciar/ cupim, formiga, grilos e ratos nas águas começam a boiar/ tornando-se alimento para os peixes engordar/ nesse grande equilíbrio, quem ganhava era população/ tanto nos peixes e nas árvores, como de nós cidadão/ porque não precisava adubo para fazer plantação/ covo para pegar peixe também para pegar camarão/ outros faziam rede com grande satisfação, porque eles tinham certeza de ir buscar o pão/ e hoje a coisa mudou, do melhor para o ruim, quem são os culpados disso já deu para refletir/ quando por causa do medo deixaram acontecer/ fecharam quase todas as várzeas, barragem foi por demais, acabou a produção dos peixes e já se foi os animais/ agrotóxico mata os passarinhos, saúde não existe mais/ e o rio que era rio hoje está para morrer/ clamando pelo nosso amor pedindo para viver/ depois desse nosso encontro o que vamos fazer, lutar para por em prática essa grande peregrinação/ desse valoroso amigo que nos dá essa lição, quem zela pelo Velho Chico tem Jesus no coração.


Foi esse o poema que o senhor leu no encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva?

Ele me pediu para eu recitar um poema e eu recitei um poema no Palácio do Planalto. Os pescadores do Brasil lutando por libertação, e eis um trecho dele. “Se o presidente Lula conhecesse o São Francisco, ele parava de fazer transposição, veria o rio poluído e todo assoreado pedindo revitalização, o drama do rio é doloroso, tenha cuidado senhor seu presidente, vai transpor água com o rio tão doente”





2010/01/10

Pedro, o rei do sabão: Um alagoano nota 10










Alagoano Nota 10


Ex-pedreiro supera pobreza com reciclagem de óleo e produção de sabão caseiro

Pedro Felipe foi notícia internacional por sua capacidade empreendedora de transformar produtos tóxicos em tabletes de sabão feitos no quintal de sua casa

Mário Lima
Paulo Rios - Fotos


Ele é considerado o rei do sabão caseiro na região do Benedito Bentes, e foi destaque na imprensa nacional e internacional pela sua incrível capacidade empreendedora. Em uma casa simples, no Jardim América, periferia de Maceió, Pedro Felipe dos Santos Neto, 32 anos, e sua mulher Dayse Maria da Silva, 36 anos, mantém desde 2001 uma linha de montagem de sabão, obtido através da reciclagem de óleo usado. O Sabão América hoje tem patente registrada e começa a entrar na era do código de barras. Mas o começo não foi nada fácil.

Conheci Pedro em 2008, quando fiz uma reportagem com ele para o jornal Gazeta de Alagoas, com foco no empreendedorismo e pequenos negócios, em um cenário onde Alagoas passava por um “boom” no consumo popular. A matéria teve boa repercussão e chamou a atenção do correspondente da revista semanal britânica The Economist (com tiragem de mais um milhão de exemplares em todo o mundo). O editor-chefe da revista para o Brasil, jornalista John Prideaux, esteve nesse mesmo ano em Maceió, quando escolheu Pedro para ser personagem de sua matéria.

John conversou com pequenos empreendedores em bairros populosos da periferia de Maceió e entrevistou representantes do Governo e da sociedade civil, para criar um diagnóstico sobre a importância desse crescimento na chamada base da pirâmide, impulsionado por repasses do Estado e da União, que garantem a sustentação mínima de consumo (alimentação, vestuário, artigos de limpeza e de construção) e o microcrédito para alavancar os negócios.


A repercussão foi tão grande que Pedro Felipe se transformou em um exemplo de pequeno empreendedor no Brasil e começou sua “carreira” de conferencista. Sua última palestra foi em Garanhuns (PE), em outubro, durante a inauguração de uma fábrica de sabão caseiro, com a presença do próprio prefeito da cidade.

“Os organizadores me acharam pela internet, na matéria que foi publicada em Londres. A gente era mais importante que o prefeito, e no final ainda ganhei de presente uma máquina de corte e modelagem de sabão, no valor de R$ 3,5 mil”, conta Pedro.

O sucesso foi tão grande que os coordenadores do curso de Economia da Universidade Estadual de Garanhuns convidaram Pedro para fazer outra palestra sobre microcrédito e pequenos negócios. “Afinal, eu tinha experiência comprovada de como controlar o dinheiro, pois comecei meu negócio com apenas vinte reais. Eles ficaram admirados”, conta.

Mas quando conheci o casal, Pedro e Dayse trabalhavam em um quarto abafado, com todo processo feito à mão, em uma tosca mesa cheia de linhas e tábuas, para fazer o corte das barras. Sua produção ainda era pequena, e a entrega era feita de bicicleta nos mercadinhos do bairro. Tudo só foi possível quando Pedro pediu os primeiros empréstimos (R$ 80, R$ 300 e R$ 800), no Banco do Cidadão. Ao todo foram oito empréstimos, e ele se prepara para pagar o último.

Pedro era pedreiro da construção civil, quando recebeu uma dica de uma amiga paulista de como transformar óleo em sabão. Daí ele não parou mais. Com um investimento inicial de R$ 20, fruto dos bolos que Dayse vendia no canteiro de obras onde o marido trabalhava, o casal comprou uma quantidade de couro de galinha, que era testado e queimado no próprio quintal, até virar sabão.

“Conseguimos vender uma caixa para o mercadinho, botamos uma placa na porta — ‘vende-se sabão caseiro a R$ 0,25’, o melhor preço da região, e aí começaram a aparecer os primeiros clientes”, lembra Pedro, feliz, ao lado de Dayse e da filhas Paula Débora, 6; Daysiane, 4, e Pauline, a caçula, de 2 anos, que cresceu exatamente no tempo da virada na vida de Pedro.


Exemplo de empreendedorismo chega a Londres através de matéria do The Economist

Em 2008, os negócios de Pedro sofreram um abalo, com a chegada de uma empresa de biodiesel de Aracaju, que começou a comprar o óleo usado de restaurantes e hotéis de Maceió.

“Perdi meus fornecedores, já que eu pegava de graça nesses hotéis e restaurantes, pois ajudava a reciclar e colaborava para um meio ambiente mais sadio. Mas parece que a empresa não deu certo. Hoje o óleo é quem corre atrás de mim, e como disse a reportagem, virei mesmo o rei do sabão”, diz Pedro Felipe, que estoca em tonéis mais de mil litros de óleo, matéria prima bastante para fabricar de 200 a 250 caixas de sabão, contendo 50 unidades.



Com isso, ele dobrou sua produção, e hoje o pessoal é quem liga para ele buscar o óleo. Em 2008, ele tinha uma produção média de 300 caixas (com 50 tabletes) por mês, e em 2009 seu volume de fabricação chegou a 600 caixas por mês. E se antes ele entregava sua produção, de bicicleta, em 15 mercadinhos da região do Benedito Bentes, Pedro hoje tem um Volkswagen modelo 79, com um bagageiro de ferro fundido na capota, onde vende sua produção para 40 mercadinhos e armazéns de toda a região no entorno do Benedito Bentes.

Pedro continua a fabricar sabão no quintal de sua casa, mas agora já emprega três pessoas e pensa em expandir e diversificar seus produtos.

“Já comecei a fazer novas pesquisas e testes para fabricar sabão em pó e sabonete líquido para agregar mais valor e mais renda, e com isso poder contratar mais gente e aumentar a minha produção. Sou suspeito para falar, mas muita gente diz que o meu sabão é melhor que o industrializado. O segredo, além da fórmula, é o amor e o carinho com que fabricamos nosso sabão”, finaliza Pedro, o ex-pedreiro que driblou a pobreza e se transformou em microempresário, patrão e palestrante, quando o assunto é sucesso nos pequenos negócios

2009/11/30

Adeus Alécio: Alma pura de jornalista e poeta


Alécio,

Você vai fazer uma falta danada. Daqui de longe, das Alagoas, sinto saudades de nossos papos, nossas leituras, nossos abraços, naquela redação da Padre Rolim, lá em Belo Horizonte dos anos 1990. Você fechando, com todo esmero possível, as páginas maravilhosas do caderno de Cultura. Suas matérias eram supimpas, eu devorava suas páginas domingueiras, tomando um chope, fumando um charuto na cafeteria da Afonso pena. Lembro também de nossos cafés na livraria vizinha (a sucursal da redação), ou nas noitadas no bar do Toninho.

De nossos aniversários, geminianos que somos, 7 de junho você e eu 9, comemoramos tanto junto com amigos, com nossa turma da redação nossa de cada dia. Ô tempo bão demais. Sua morte nesse último sábado de novembro, em pleno verão dos trópicos, deixou um vácuo insuperável. Não será fácil esquecer.    
Você sempre será um jornalista exemplar, e agora você já deve estar fechando o Diário Celeste, em letras azuis garrafais, com Deus lá no alto, e protegendo todos nós aqui embaixo com suas asas de anjo eterno. Para sempre Alécio serás, para sempre viverás em nossos corações.

um beijo fraterno,

Mário Lima

PS: Quando for a BH vou ver Marcinha, e seu herdeiro, para matar as saudades

Para meus queridos seguidores vai abaixo poesias de Alécio de seu primeiro livro Lírica Caduca

Água Forte

palavras são riscos
grafite pintada em tons tristes
então olhas o outro

revolução dos pinceis

as cores mudam
desnudam o sentido
exato dos astros

tua boca sorri

_____________________

Elegia

os cílios do poeta trazem
da sombra cinzas trêmulas

colisão
olhos em devaneio
e dádiva

quem crê nestas fagulhas tristes
ardendo sob quieta lágrima
nulo destino em declive
discreta descida aos infernos


_______________________
Lendo Drummond

exigir da pedra
nenhuma explicação
pelos caminhos






















2009/11/07

As nuvens do sábado



Caros Amigos,

Que madrugada gostosa essa minha, no meu quarto-gabinete, com Simone sonolenta na cama, e eu ouvindo instrumentais brasileiros, com Egberto Gismonti, Eumir Deodato, César Camargo e Vitor Assis Brasil. Mas hoje é sábado, como disse em versos o poetinha Vinícius de Moraes.

Para mim é o dia mais gostoso, paira no ar uma sensação de leveza, de relaxamento, de sair por aí, de óculos escuro, mãos dadas com o amor, ver o sol passando inclinado sobre as nuvens, e nossas sombras dançando pelas ruas, atrás dos sabores da vida. Olhar em volta, as pessoas passando, namorando, conversando sem parar.

Sábado é uma dia de alegrias. É impossível ficar triste, tamanho os horizontes a serem singrados, pelas calçadas, pelas areias da praia, pelas folhas caídas da praça, pelo sorriso das crianças em alvoroço, pelo chope gelado nos botequins, pelos jornais reluzentes nas bancas de revistas, pelas horas de não estar nem aí.

Poder acordar tarde, espriguiçar, esparramar na cama, fechar novamente os olhos e sonhar. Sonhar com os infinitos verdes dos mares, voar sobre as ondas, ou tomar o céu e romper o algodão das nuvens. Acordar nos braços da amada verdadeira, talvez quem sabe com um café fumegante na cama, com torradas quentinhas e geléia de morango à vontade.

Uma ducha friinha para amanhecer de vez, e preparar o espírito de andarilho e ganhar o dia, e não precisa ser em Londres ou Nova Deli, ou nos caminhos on the road de Kerouak pela Califórnia dos anjos alucinados. É só estar bem vivo. Mas já está um pouco tarde, fecho minha mensagem com uma poesia revigorante para meus seguidores irmãos e irmãs. Um ótimo sábado para vocês, que os anjos te iluminem nesse sábado e em todos os sábados de suas vidas.

beijos de sábado de verão
  


O dia da criação


Vinícius de Moraes

Macho e fêmea os criou.

Gênese, 1, 27


Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na cruz para nos salvar.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.

Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas

Porque hoje é sábado.

Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado
Hoje há um divórcio e um violamento
Porque hoje é sábado
Há um rico que se mata
Porque hoje é sábado
Há um incesto e uma regata
Porque hoje é sábado
Há um espetáculo de gala

Porque hoje é sábado
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado
Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado
Há uma profunda discordância

Porque hoje é sábado
Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado
Há um grande espírito-de-porco
Porque hoje é sábado

Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado
Há criançinhas que não comem
Porque hoje é sábado

Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado

Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado
Há uma tensão inusitada
Porque hoje é sábado

Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado
Há um vampiro pelas ruas

Porque hoje é sábado
Há um grande aumento no consumo
Porque hoje é sábado
Há um noivo louco de ciúmes

Porque hoje é sábado
Há um garden-party na cadeia
Porque hoje é sábado
Há uma impassível lua cheia

Porque hoje é sábado
Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado
Umas difíceis, outras fáceis

Porque hoje é sábado
Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado
Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado

Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é sábado
Há um frenesi de dar banana
Porque hoje é sábado

Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado

Há uma comemoração fantástica
Porque hoje é sábado
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado
E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado
Há a perspectiva do domingo

Porque hoje é sábado



III







Por todas essas razões deverias ter sido riscado do Livro das Origens,

ó Sexto Dia da Criação.

De fato, depois da Ouverture do Fiat e da divisão de luzes e trevas

E depois, da separação das águas, e depois, da fecundação da terra

E depois, da gênese dos peixes e das aves e dos animais da terra

Melhor fora que o Senhor das Esferas tivesse descansado.

Na verdade, o homem não era necessário

Nem tu, mulher, ser vegetal, dona do abismo, que queres como

as plantas, imovelmente e nunca saciada

Tu que carregas no meio de ti o vórtice supremo da paixão.

Mal procedeu o Senhor em não descansar durante os dois últimos dias

Trinta séculos lutou a humanidade pela semana inglesa

Descansasse o Senhor e simplesmente não existiríamos

Seríamos talvez pólos infinitamente pequenos de partículas cósmicas

em queda invisível na

terra.

Não viveríamos da degola dos animais e da asfixia dos peixes

Não seríamos paridos em dor nem suaríamos o pão nosso de cada dia

Não sofreríamos males de amor nem desejaríamos a mulher do próximo

Não teríamos escola, serviço militar, casamento civil, imposto sobre a renda

e missa de

sétimo dia.

Seria a indizível beleza e harmonia do plano verde das terras e das

águas em núpcias

A paz e o poder maior das plantas e dos astros em colóquio

A pureza maior do instinto dos peixes, das aves e dos animais em [cópula.

Ao revés, precisamos ser lógicos, freqüentemente dogmáticos

Precisamos encarar o problema das colocações morais e estéticas

Ser sociais, cultivar hábitos, rir sem vontade e até praticar amor sem vontade

Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto Dia e [sim no Sétimo

E para não ficar com as vastas mãos abanando

Resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança

Possivelmente, isto é, muito provavelmente

Porque era sábado.




2009/10/31

Mestre Aurélio: A saga continua




Queridos amigos,

Depois de uma ausência injustificável, perdoem não deixar tão perene nossas conversas, mas o tempo é fugidio.

Volto outra vez, em outra efeméride, na sequência dos 75 anos do anjo Garrincha III, nos 100 anos do mestre Aurélio Buarque de Holanda, alagoano, do velho Passo de Camaragibe, pertinho do mar. Nesse sabadão quase domingo, antes de sair e tomar umas birinaites, tenho que sobressaltar (até lançar CAIXAS ALTAS) para a mais sensível e merecida homenagem na abertura da Bienal, ao centenário de Aurélio Buarque de Holanda, no Centro de Convenções.

Foi tudo muito supimpa, uma organização perfeita: sala climatizada, público presente, e a paz zen e celestial de dona Marina Baiard Ferreira, a viúva do mestre, grande homenegeada da noite, que recebeu a Medalha Arthur Ramos, uma das mais altas comendas do estado.

No comando, mas seduzido pela emoção, o secretário do Planejamento Sérgio Moreira, lascou um discurso de tirar lágrima de pedra, mas com a emoção mais viva de ter convivido e amado Aurélio, e participar do grande banquete das palavras, com grandes personas da terrinha. Ao agradecer, dona Marina, com sua voz baixinha no microfone definia: "Ele é inteiramente Alagoas".

 Na terça-feira que vem vou entrevistá-la, junto com Milena, para um documentário pensado pelo Sérgio, e tornado real pelo grande Werner, cineasta campeão.

A presença de Marina fez brilhar o lançamento da revista Graciliano, com edição especial do centenário do mestre, em um belo trabalho gráfico do mestre Rizzotto, com produção do doutor Kummer, presidente da Imprensa Oficial, e editado por Milena. 

Um grande abraço a meus amigos blogueiros
Mario Lima





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2009/10/17

GARRINCHA PARA SEMPRE!!




Não poderia deixar de marcar minha nova vida no cyberespaço sem falar dele: do anjo das pernas tortas, do anjo Manoel Francisco dos Santos, o anjo Garrincha,  em 18 de outubro, o maior jogador de futebol de todos os tempos, estaria fazendo 75 anos. Em Pau Grande,  Magé, no Rio de Janeiro, onde nasceu; comemorou com festa em todos os santuários do clube da Estrela Solitária.


Não é a toa que o nome do meu blog é Estrela Solitária, a estrela é ele, o Garrincha da Elza, o "joão" que dribla até o vento; o fenomenal jogador de futebol que levou duas copas do mundo como o melhor de todos; que tomou as maiores biritas, que criou tanto passarinho, que levou ao delírio a grande massa alvinegra e seu manto sagrado.

Com a camisa do Botafogo, Garrincha foi campeão carioca em 1957, ano que nasci, ano de Botafogo campeão, com o Mané arrasando no Maraca.  Ele faz  parte daquele que é considerado o melhor time do Botafogo de todos os tempos ao lado de Nilton Santos, Didi, Amarildo e Zagallo, todos campeões mundiais.

Depois escrevo mais sobre o Garrinncha, agora vou comemorar, tomar umas biritinhas no saturday nights.

Deixo com vocês uma belíssima passagem do livro Futebol ao Sol e a Sombra, do escritor uruguaio Eduardo Galeano (Veias Abertas da América Latina), sobre a vida do Mané. É imperdível.

Garrincha

“Nunca houve um ponta-direita como ele (…). Foi o homem que deu mais alegria em toda a história do futebol. Quando ele estava lá, o campo era um picadeiro de circo; a bola, um bicho amestrado; a partida, um convite à festa. Garrincha não deixava que lhe tomassem a bola, menino defendendo sua mascote, e a bola e ele faziam diabruras que matavam as pessoas de riso: ele saltava sobre ela, ela pulava sobre ele, ela se escondia, ele escapava, ela o expulsava, ela o perseguia. No caminho, os adversários trombavam entre si, enredavam nas próprias pernas, mareavam, caíam sentados.

Garrincha exercia suas picardias de malandro na lateral do campo, no lado direito, longe do centro: criado nos subúrbios, jogava nos subúrbios. Jogava para um time chamado Botafogo, e esse era ele: o Botafogo que incendiava os estádios, louco por cachaça e por tudo que ardesse, o que fugia das concentrações, pulando pela janela, porque dos terrenos baldios longínquos o chamava alguma bola que pedia para ser jogada, alguma música que exigia ser dançada, alguma mulher que queria ser beijada (…)”

Esse é Garrincha!!!!

2009/10/15

O Imperador, o Velho Chico e o povo riberinho




Há exatos 150 anos, em outubro de 1859, o imperador Dom Pedro II (1825-1891) deixava a corte, no Rio de Janeiro, e embarcava numa aventura pelo Rio São Francisco.


A bordo de navios a vapor, montado em lombo de burro, ou enfrentando nuvens de mosquitos, o imperador singrou o Velho Chico, de Piaçabuçu à majestosa Cachoeira de Paulo Afonso. Toda a viagem foi registrada em um diário de bordo – ilustrado por gravuras – do próprio punho do monarca, aos 36 anos.


Para marcar a data e promover a inclusão produtiva de toda a população ribeirinha do Baixo São Francisco, o governo do Estado de Alagoas, numa ação que envolve quatro secretarias de Estado – Cultura, Turismo, Planejamento e Comunicação – resgata a viagem do monarca e inaugura um novo roteiro de turismo.


É o Arranjo Produtivo Local (APL) Caminhos do São Francisco, que visa à promoção da economia regional e o incremento de um turismo sustentado, com geração de emprego e renda e foco na cultura, na diversidade do povo, no folclore, no artesanato, nas histórias de vida e na beleza cenográfica da região.


Para abrir o novo roteiro do APL Caminhos do Imperador, o governo promove a Expedição Dom Pedro II, que refaz – exatamente 150 anos depois e na mesma época – a trajetória do monarca, passando por 12 municípios alagoanos, mais Propriá (SE), Jatobá (PE) e Paulo Afonso (BA). Todas as prefeituras do roteiro estão engajadas nesse projeto.


Para revelar mais dos Caminhos do Imperador, o Diário Oficial, com o apoio da Imprensa Oficial Graciliano Ramos/ Cepal, traz esse encarte especial – que reúne toda a série de reportagem já publicada no D.O, entre os dias 28 de setembro e 8 de outubro.


O texto acima é da capa do encarte que será lançado nessa sexta, como um edição especial do Diário Oficial, com todas as matéria da série de reportagem dos jornalistas Telma Elita e Neno Canuto (fotos), depois de percorrerem mais de 1.500 quilômetros, pela chamada Costa Doce de Alagoas.

Telma e Neno, com o livro do Imperador na mão - Dom Pedro II relatou em um diário toda sua aventura pelo Velho Chico - conseguiram fazer um sonho que era meu (percorrer todas as cidades em que o monarca passou). Mas a matéria ficou em boas mãos. Vale conferir e ler todo o emcarte.

Amanhã, sexta-feira, estarei no ponto de partida, a cidade de Piaçabuçu, a primeira parada do Imperador. Na verdade, não vou seguir a expedição, mas acompanhar o governador Teotonio Vilela Filho, que vai abrir a solenidade. Vou aproveitar para distribuir nosso encarte (mandei fazer mais 500 exemplares para os expedicionários e a imprensa local e nacional que vai acompanhar todo o trajeto pelo Baixo São Francisco.

Na verdade, me tornei um guardião do São Francisco, e há dois anos acompanho de perto tudo que o governo faz que envolva o Velho Chico. O começo foi o secretário de Planejamento Sérgio Moreira, que me deu a função de cuidar dos assuntos do rio na sua pasta (eu era o assessor de Imprensa).

Participei da primeiras ações em defesa do rio, e a busca de soluções para beneficiar a população ribeirinha, que até hoje vive, em grande parte, sofrendo com isolamento territorial e social. Participei da primeria expedição que iria formatar o atual roteiro Caminhos do Imperador, com técnicos e especialistas espanhóis da Agência Espanhola de Desenvolvimento (AED), parceiro do governo na formação de um roteiro de turismo sustentável na região.

Mapeamos e diagnósticamos rede hoteleira, potenciais econômicos, patrimônio histórico e geográfico, além de conhecermos mais profundamente a gente do Velho Chico, os ribeirinhos e suas história de vida.  Toda nossa pesquisa serviu de base para formar e lançar o APL Caminhos do São Francisco, em Penedo, no Teatro Sete de Stembro.

Como fruto dessa viagem editei, junto com o jornalista Gustavo Aciooly, o professor Sávio de Almeida, o presidente da Imprensa Marcos Kummer, o design Fernando Rizotto, sob o comando do secretário Sérgio Moreira o livro "A Costa Doce de Alagoas". Um edição luxuosa com 28 lâminas de fotos, do seis fotógrafos alagoanos que retrataram o Velho Chico a sua maneira. O livro ficou muito bonito. Teotônio entregou, em Delmiro Gouveia, em cima de um palanque, um exemplar do livro ao presidente Lula.

O APL Camnhos do São Framcisco, para situar meu leitor, como afirmou Sérgio Moreira, em um email que recebi dele, "é uma política pública do Governo Estadual para a estruturação de um destino turístico único no Brasil que busca promover a valorização da história e da cultura das populações ribeirinhas e a preservação e recuperação do meio ambiente".

Moreira prossegue: "Estamos em processo de construção de um conceito sofisticado de exploração econômica de baixo impacto cultural e ambiental, baseada na valorização de antigos e preservados saberes e fazeres expressos em músicas, danças, culinárias, estórias e lendas, crenças e religiosidades".

E finaliza: "Se trata de um território que possue unicidade, integração e diversidade. De que há muito de semelhança e muito de diversidade no Baixo São Francisco, que forma uma unidade geográfica, cultural e econômica ao mesmo tempo que existe uma diversidade enorme entre os extremos de Piaçabuçu e Delmiro Gouveia ou entre os extremos de Piranhas e Penedo".

Salve o Velho Chico pelos séculos!


Certamente, durante a expedição Dom Pedro II, vou postar novas boas histórias e aventuras no Velho Chico. Aguardem!  





2009/10/13

Mais um empate, dessa vez na raça...

Uma terça-feira pós-feriadão. Depois de nadar 1.000 metros hoje pela manhã na piscina da Fênix, mais um blog postado. Vou falar de ontem, com mais um empate - o 13º no Brasileirão - do Botafogo. A galera foi em peso ao Engenhão, mais de 35 mil pagantes e muita gente do lado de fora querendo entrar. Com dois gols de Victor Simões, conseguimos um pontinho, e continuamos respirando uma posição acima do rebaixamento. Agora é o Cruzeiro no Mineirão, e o Mengo no Maraca. Acho que dá. No jogo de ontem perdemos muitos gols e levamos dois por falha da bizonha zaga do Fogão. Mas esta alturta não tem jeito, é aguentar Wellinton, Emerson e até o Juninho (porque nãoi esperimentá-lo como volante). É isso aí, vamos para o trampo.        

2009/10/12

Seja bem vindo ao mundo baby


No dia das crianças posto uma poesia que escrevi para meu filho Mário Antonio, quando ele nasceu, lá pelos idos de 1980. Hoje com 29 anos e me deu um lindo neto de presente, o Matheus, que em dezembro já será doutor no ABC. Nesse feriado gostoso da segunda-feoira, dia das crianças, dedico a poesia e o posto ao meu lindo neto Matheus.

Sob signo da esperança

Toninho, meu filhão!
seja bem vindo ao mundo
das faunas e das floras
das flores e das guerras
das águas e das terras

mesmo com tanta confusão
notícias de jornal
imagens na televisão
explodindo na cara da gente
a mãe natureza insiste
persiste até o último fôlego

venha com braços, pernas e amor
venha com a vida colorir o espaço
venha com a vida transformar o pedaço

viva o sol, a lua, o fogo e o ar
o verde, o ventre, o brilho, o mar
a liberdade, a sinceridade, a amizade

viva o homem, a mulher,
a cachaça, o futebol,
o chope, o domingo,
o gibi, a pracinha,
o prazer, o teatro,
o cinema, o parque,
a praia, o ócio

viva o dia, a noite,
o riso, o rubro,
o sangue, o galo,
o tombo, o mergulho,
o salto, a farinha, o
 feijão, o pão, a terra,
o trabalhador

viva o beijo, o abraço,
o traço, a letra, o livro,
o saci pererê, o sítio do pica pau,
o quadrinho, o cartaz,
o palhaço, o picadeiro

viva o boi, o peixe,
o pato, o prato, o boto,
o pombo, o lombo do cavalo,
o elefante, a girafa,
o pingüim, o tatu,

viva o leão, o jacaré,
o javali, o tubarão,
o vampiro, o vilão,
o lobisomem

viva o olhar, o paladar,
a audição, o tatear, a mão,
a semente, a plantação,
a comunhão, o suor,
o desejo, a realização,
o sonho, o vôo, a fé,
as raízes, o presente,
o futuro, o começar

Para meu filho Toninho




2009/10/11

Minha segunda mensagem

Meu blog é jornalismo, futebol, música, notícias do Brasil e do Mundo e troca de ideias com os amigos